Noite Apressada

Era uma noite apressada
depois de um dia tão lento.

Era uma rosa encarnada
aberta nesse momento.

Era uma boca fechada
sob a mordaça de um lenço.

Era afinal quase nada,
e tudo parecia imenso!

Imensa, a casa perdida
no meio do vendaval;
imensa, a linha da vida
no seu desenho mortal;
imensa na despedida,
a certeza do final.

Era uma haste inclinada
sob o capricho do vento.

Era a minh’alma, dobrada,
dentro do teu pensamento.

Era uma igreja assaltada,
mas que cheirava a incenso.

Era afinal quase nada,
e tudo merecia imenso!

Imensa, a luz proibida
no centro da catedral;
imensa, a voz diluída
além do bem e do mal;
imensa, por toda a vida,
uma descrença total!

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